quinta-feira, 11 de junho de 2015

10 NOVAS COMPETÊNCIAS PARA ENSINAR

Silvia Renata da Silva Alves

Capítulo 3. Conceber e Fazer Evoluir os Dispositivos
De Diferenciação

        Para que haja progresso e evolução do aluno, segundo Perrenoud, é preciso que ele esteja exposto às situações ótimas criadas pelo professor. Numa turma grande de alunos, com uma aula tradicional, seria impossível esse desenvolvimento do aluno ( com a mesma lição e atividades para todos), pois eles não possuem o mesmo conhecimento, os mesmos interesses e nem tem a mesma maneira de aprender. Para Perrenout, diferenciar é quebrar esse padrão convencional de aula e tratar das dificuldades de cada um.
          Fazer desse modo não quer dizer dar aulas particulares, até porque, seria impossível o fazer para a classe toda. A solução não é somente estar disponível a um aluno,é preciso entender as suas dificuldades e ,juntamente com ele aprender a superá-las além de trazer o ensino para a realidade da classe.
           Perrenoud acredita que para haver um meio termo entre a pedagogia frontal ( aquela em que o professor é detentor e transmissor do conhecimento) e o ensino individualizado (impraticável) é  necessário a reorganização do ensino, a diferenciar o trabalho em aula
Pensando assim, Perrenoud discrimina algumas outras competências peculiares a essa nova forma de ensino:

Abrir, ampliar a gestão de classe para um espaço mais vasto.

Uma coisa parece certa: entre as quatro paredes da aula e durante os oito a nove meses de um ano letivo, poucos professores soa capazes de fazer milagres. Não é possível encontrar, aqui um novo Freinet que sozinho, inventa uma pedagogia diferenciada ativa e cooperativa, feita sob medida para seus alunos. Isso supõe uma criatividade, uma energia e uma perseverança fora do comum.
Parece sensato convidar os professores menos excepcionais a juntarem forças para organizar a diferenciação em uma escola em ciclos de aprendizagem plurianuais facilita tal cooperação, mais em ciclos cada professor trabalha como antes, a porta fechadas, sozinho com sua turma,ás vezes reconstituídos os níveis anuais ocultos, contra o espírito dos textos oficiais. Em outros sistemas ainda organizados em etapas anuais, certas equipes pedagógicas criaram ciclos antes da implantação oficial, desmembrando os anos, e as classes paralelas, gerando grupos multi idade, ou estabelecendo uma grande continuidade entre níveis anuais. Elas provam que se diferenciar desde já, no âmbito dos textos em vigor.

A gestão de uma classe tradicional é objetivo da formação inicial e consolida-se no decorrer de experiência. O trabalho em espaços mais amplos exige novas competências. Algumas delas giram em torno da cooperação profissional: Quando falamos em trabalho em grupo, falaremos disso. Outras se referem à gestão da progressão das aprendizagens em vários anos, assunto tratando.
Insistiremos aqui em uma competência propriamente administrativa definida em uma escola mais vasta do que a classe: Pensar, organizar, habitar, fazer de alunos, durante anos. Esses funcionamentos levantam problemas inéditos de organização e de coordenação.
O trabalho docente nesses espaços-tempos de formação proporciona mais tempo, recursos e forças, imaginação, continuidade e competências para que construam dispositivos didáticos e eficazes, com vistas a combater o fracasso escolar.Isso obriga a dominar parâmetros mais complexos e a prevenir riscos não negligenciáveis de desorganização ou de desvio. As equipes pedagógicas que se lançam em uma gestão nessa escala gastam seu tempo, em um primeiro momento, resolvendo problemas de organização, aprendendo o acordo e a cooperação , reconstruindo rotinas econômicas, reencontrando pontos de referências, controlando os efeitos de decisões, procurando saber onde estão todos os aluno, o que estão fazendo, com quem trabalham, em que situação se encontaram , de quem precisam e paar que tarefas ou que grupos orientá-los no dia seguinte ou na próxima semana. Novas competências estão emergindo. Seus contornos só serão percebidos progressivamente, já que ninguém pode propor um modelo ideal de organização do trabalho em uma pedagogia diferenciada. ( Perrenoud, 1997b).

 Referência:PERRENOUD,Philippe, Editora Artmed,1ºedição,São Paulo,2000.

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